ONU faz alerta sobre produção de resíduos na América Latina

Países da Bacia do Prata entram em ação para minimizar efeitos colaterais do lixo e promover consumo consciente.

A imagem da retirada de um canudo da narina de uma tartaruga marinha chamou a atenção mundial para um velho problema: a contaminação causada pelo lixo, sobretudo pelo plástico. A produção de resíduos sólidos nas cidades da América Latina e do Caribe atingiu a marca de 540 mil toneladas. De acordo com as Nações Unidas, diariamente são descartadas cerca de 145 mil toneladas de lixo, o equivalente a 30% da produção total dessas regiões. A expectativa é de que até 2050 estas duas regiões produzam cerca de 671 mil toneladas de lixo por dia.

A contaminação por resíduos sólidos foi o tema da Assembleia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em dezembro passado em Nairóbi, no Quênia. O resultado foi a adoção de resoluções para prevenir e reduzir a contaminação em todo o mundo.

De acordo com a ONU, acabar com os resíduos sólidos vai contribuir para o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza.   

Ações na América Latina

O que está sendo feito na América do Sul, mais precisamente nos cinco países-membros do FONPLATA, com a produção de resíduos sólidos?

Está em marcha na província de Buenos Aires a construção de uma fábrica para transformar os resíduos em energia renovável. A estimativa é de que a obra, apoiada pelo Ministério de Energia da Argentina, esteja pronta em seis meses. De acordo com autoridades, o aproveitamento das toneladas de lixo que chegam diariamente ao Complexo Ambiental da Enseada e ao Complexo Ambiental Gonzaléz Catán é possível cobrir o consumo médio de cerca de 17 mil residências.

Na Bolívia ainda é incipiente a reciclagem de resíduos. Apenas cerca de 4% do lixo sólido é reciclado. Mas isso tende a mudar através da construção de fábricas de aproveitamento residuais nas cidades de Oruro, Cobija, Potosí, na cidade de El Alto, graças ao financiamento de US$30 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

É raro encontrar nas ruas do Brasil latinhas de alumínio. Isso porque há anos os catadores descobriram como fazer dinheiro através do lixo. Para conscientizar sobre o tema, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais lançou o manual de Boas Práticas para o Manejo dos Resíduos Sólidos.   

Dar melhor uso aos resíduos é a tônica de algumas comunidades. No distrito de Pirayú, a Secretaria do Ambiente do Paraguai fez um reconhecimento aos alunos do Colégio Jorge Manuel Pérez. O motivo da celebração foi o empreendimento “Hermoseando nuestro barrio” (Embelezando nosso bairro, em português), no qual foram utilizados produtos recicláveis para fazer arte e mudar a paisagem do local. 

A Intendência de Montevidéu incentiva a reciclagem de resíduos sólidos e de líquidos, entre eles óleo usado. Pilhas e baterias também são reaproveitadas. De acordo com dados de 2012 do Instituto Nacional de Estatística, cada uruguaio produz cerca de 1,1 quilo de lixo por dia, um alto número tendo em vista que a população do Uruguai é de pouco mais de três milhões de habitantes.

Caso não sejam tomadas ações imediatas, no futuro os oceanos terão mais plástico que peixes, é o alerta da ONU Meio Ambiente. Por isso os famosos 3Rs nunca estiveram tão vigentes: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

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