FONPLATA participa de evento que promove a biodiversidade e a adaptação climática por meio de soluções baseadas na natureza
Em 13 de novembro, o Especialista Sênior em Gestão Socioambiental do FONPLATA, Miguel Fernández, representou o Banco no painel “Integrando abordagens da bacia hidrográfica ao mar para melhorar a biodiversidade e a adaptação climática por meio de soluções baseadas na natureza (NbS)”, realizado no Water for Climate Pavilion na COP30.
O evento, organizado pelo Stockholm International Water Institute (SIWI), reuniu especialistas internacionais de organizações como Van Oord, DHI, ASTM e Conservation International, com o objetivo de mostrar como os ecossistemas conectados — desde rios e pântanos até manguezais e áreas costeiras — podem ser restaurados e protegidos por meio de soluções baseadas na natureza, gerando benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Fernández explicou que o FONPLATA é um banco de desenvolvimento regional que atua na “primeira e na última milha” da infraestrutura, financiando projetos concretos que transformam a realidade de cidades e territórios. Também destacou a importância de adotar uma abordagem integral que conecte as bacias hidrográficas aos ecossistemas marinhos, ressaltando que “a restauração ecológica não pode ser pensada em compartimentos isolados; precisamos de soluções que reconheçam a interdependência entre terra e água, entre comunidades e biodiversidade”.
Tomando como exemplo a biodiversidade urbana — frequentemente subestimada —, o especialista lembrou a teoria da biogeografia das ilhas MacArthur e Wilson, segundo a qual o tamanho das ilhas e sua conectividade influenciam a riqueza das espécies. Transferindo isso para o contexto urbano, destacou que “os parques lineares, a restauração das margens dos rios e o uso de espécies nativas podem melhorar a conectividade ecológica nas cidades e fortalecer sua resiliência diante das mudanças climáticas”.
O painel abordou casos concretos de adaptação climática, como a restauração de zonas úmidas, a implementação de sistemas integrados de manguezais e aquicultura e modelos liderados por comunidades locais. Fernández destacou que, do ponto de vista científico, “o passado já não é uma boa referência para o futuro”, o que complica a concepção de NbS num contexto de mudanças climáticas aceleradas e de elevada incerteza, especialmente na modelização de tempestades convectivas e eventos extremos. Do ponto de vista da gestão, enfatizou o desafio de que os limites administrativos raramente coincidem com as bacias hidrográficas, o que exige novas formas de coordenação entre municípios, estados e países.
Também foram discutidos os desafios para ampliar essas iniciativas, como a falta de padrões técnicos, financiamento adequado e articulação intersetorial. O representante do Banco destacou a necessidade de “sincronizar melhor os ciclos de políticas públicas, os ciclos da natureza, os prazos da pesquisa e os ciclos de financiamento”, que são facilitadores fundamentais dos projetos. Dessa forma, o conhecimento científico, as janelas de oportunidade política e os recursos financeiros se alinham para apoiar soluções baseadas na natureza que sejam replicáveis e eficazes.
Fernández fez um apelo para fortalecer as alianças entre governos, comunidades, setor privado e instituições financeiras para codesenvolver modelos de NbS que sejam replicáveis, mensuráveis e sustentáveis. “No FONPLATA, acreditamos que investir em soluções baseadas na natureza é investir em resiliência, equidade e futuro”, concluiu, ressaltando que a tomada de decisões deve ser respaldada por evidências sólidas: “sem dados, estamos caminhando às cegas em direção ao futuro”.
13/11/2025
